terça-feira, 16 de setembro de 2014

Comunidades de Prática - parte 1


O termo foi cunhado por Etienne Wenger, Suíço radicado no Estados Unidos, Phd em Inteligência Artificial pela Universidade da Califórnia.
Para WENGER (1998), uma Comunidade de Prática (Commutity of Practice – CoP) é um grupo de pessoas que partilha um interesse – um problema que enfrentam regularmente no trabalho ou em suas vidas, por exemplo – e que se junta para desenvolver conhecimentos e criar práticas em torno desse mesmo interesse. Ela tem uma identidade, as pessoas que estão envolvidas devem interagir, construindo relações mútuas e em torno do tópico de interesse e também devem desenvolver uma prática, ou seja, devem aprender juntas como fazer as coisas pelas quais se interessam e que estão envolvidas. Comunidades de Prática se desenvolvem em torno das coisas que importam às pessoas envolvidas, refletindo o que tem importância para elas.  Seus membros estão de tal forma, ligados que até mesmo na hora do almoço ou do cafezinho, discutem e buscam soluções para os problemas com que estão tratando, num processo de aprendizado permanente.
O conceito de comunidade é objeto de estudo há mais de dois séculos, enfocado em três aspectos: o espaço geográfico (ou seja, os limites dentro dos quais a comunidade existe), as interações sociais (elemento básico nas relações de qualquer tipo de comunidade) e os laços comuns (SIQUEIRA, 2003, p.23).
Um grupo pode ser definido como algo muito concreto exemplificado num conjunto de pessoas, família, turma, ou de um modo mais abstrato, como uma comunidade virtual; pode ainda ser de origem natural como a própria família ou artificial, como um grupo de alunos de uma determinada aula (JEANTY, 2000).
Para que se constitua um grupo, não basta existir um objetivo em comum, mas deve existir também um vínculo emocional que leve a uma interação entre os membros. Pode-se dizer que a passagem da condição de um agrupamento para a de um grupo consiste na transformação de "interesses comuns" para "interesses em comum" (ZIMERMAN,1997 apud JEANTY, 2000).
Quando pessoas trabalham juntas, as diferenças existem em objetivos, valores e necessidades individuais. As partes sentem desconforto e, possivelmente, raiva, mas rapidamente superam essas emoções. Os indivíduos, geralmente, querem encontrar uma solução, com um senso de otimismo de que as coisas possam ser resolvidas (PICKERING, 2002, p. 24).
As comunidades de prática caracterizam contextos sócio-históricos, nos quais ocorre o aprendizado social, através da NEGOCIÇÃO DE SIGNIFICADOS, da PARTICIPAÇÃO e da REIFICAÇÃO. (ROCHA, 2001, p.8)
As CoPs dizem respeito não necessariamente à forma, mas sim ao conteúdo. Conteúdo se refere ao aprendizado como uma experiência de vida, que se obtêm através de negociação de significados. (ROCHA, 2001)
A negociação dá mais certo quando todas as partes têm a capacidade de resolver problemas. Os negociadores trabalham para encontrar métodos satisfatórios para as duas partes, mantendo os objetivos e os valores intactos (McKENNA, 2002, p. 70).
Através das diferenças é que se realizam as interações. (KRAMER in FARACO et al.)
Os projetos são assumidos por equipes multidisciplinares, que precisam negociar com olhares diversos sobre o mesmo foco. Trabalhar é marcar presença com sua identidade, é ser capaz de aprender e gerar mudanças. Tende a desaparecer o trabalho-dependência do outro para surgir o trabalho-complementar ao do outro, que integra e associa competências (RAMAL, 2002).
CoPs é descrita como “redes informais de colaboração”, caracterizadas por atividades realizadas por um grupo de pessoas com interesses em comum, onde compartilham, discutem e formulam conhecimentos para solucionar um problema comum. É uma forma de aprendizagem onde a participação e a colaboração são elementos importantes aos indivíduos do grupo.
Comunidades de prática podem ser pensadas como histórias compartilhadas de aprendizado. (Wenger, 1998, p.86).

O aprendizado e a conseqüente aquisição de conhecimentos em uma CoP pode ser visto como a construção de um edifício: um grupo de indivíduos, com habilidades e competências diversas se reúnem em torno de um projeto, uma planta de um edifício, planejada anteriormente por outro grupo, outra comunidade. Estes indivíduos juntam as “forças” e começam a executar o projeto, traçam regras e se dividem em sub-grupos, montam um cronograma, e para cada problema (conflito) negociam suas competências e habilidades. Ao final das atividades, não só constroem o edifício, mas ampliam o seu conhecimento e suas relações sociais.

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